Retrospectiva

 

HISTÓRIA DA SBCD CONTADA NA LINHA DO TEMPO DOS CBCDs

A década de 1980 no Brasil sempre será lembrada pela redemocratização, pelo fim da ditadura, pela realização de eleições diretas para presidente, pela Constituição de 1988 e pelos planos econômicos, como Cruzado I, II, Bresser, Verão e Collor. Foi neste cenário de mudanças políticas e monetárias que nasceu a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e seu principal evento: o Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica (CBCD).

No ano do trigésimo aniversário da Sociedade, a Revista da Cirurgia Dermatológica conversou com os ex-presidentes de Congresso sobre os pontos que marcaram cada evento. Por meio dos depoimentos abaixo, cada associado poderá revisitar a história da nobre arte da cirurgia dermatológica, da troca de conhecimento, do fortalecimento de ideias e conceitos e, consequentemente, da trajetória da própria SBCD.

 

Dr. Ival Peres Rosa  (IV CBCD SP 1992)

“Minha passagem pela presidência da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica foi como terceiro presidente. Isso foi no ano de 1992. A Sociedade ainda estava em formação. Por causa disso, além do Congresso de Cirurgia Dermatológica resolvemos fazer uma reunião sobre câncer de pele, em abril de 1992, no auditório da Faculdade de Medicina. Na época não era cobrado nada pela cessão do auditório. Neste encontro convidamos os colegas oncologistas cutâneos do Hospital A.C. Camargo para participarem como palestrantes. Lembro-me que nesta reunião o nosso colega Dr. Belfort disse na ocasião: ‘acabei de participar de uma reunião no Hospital MD Anderson e o que você usa para marcar linfáticos desde os anos 80, eles usam para identificar o linfonodo sentinela’. Esta foi a primeira informação sobre a identificação e remoção do linfonodo sentinela pelo azul patente. Na época era só azul patente atualmente são usados marcadores radioativos. O nosso Congresso foi realizado no Hilton Hotel, que ficava na Avenida Ipiranga,e contou com 400 participantes. No período da tarde, durante os cursos pré-congresso, ministrávamos um curso de vídeo cirúrgico na APM. Como presidente do congresso convidei, entre outros, o nosso colega de El Salvador, o Dr. Enrique Hernandez Perez para uma demonstração prática de lipoaspiração no curso prévio que foi realizado no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. Ele utilizava a técnica -agora mundialmente conhecida e denominada tumescência – que é a do dermatologista americano J. Klein. Na época, nenhum dermatologista realizava lipoaspiração e os médicos das outras especialidades criticavam a técnica por acharem que a introdução de um volume grande de soro poderia ter repercussões sistêmicas. Eles usavam a técnica, hoje denominada de seca, que provoca um abundante sangramento e com riscos para o paciente. Por bom senso, reconheceram que o método do Klein é o melhor. Mas, preciso lembrar que para o Enrique H. Perez fazer a demonstração em nosso evento científico, combinei com ele um encontro no meeting e para irmos juntos ao estande da companhia que fabricava o motor e as cânulas e comprar o material. Naquele tempo as cânulas eram de diâmetros muito maiores que os usados atualmente. Por causa desta demonstração, o Dr. Yassunobo Utiyama (já falecido), que era assistente da clínica onde eu era o chefe no HSPM-SP, pode aprender e ensinar muitos dos colegas dermatologistas que fazem atualmente lipoaspiração. Lembro a todos que os cursos práticos durante os congressos foram introduzidos pela SBCD e os outros copiaram no Brasil e no mundo”.

 

Dr. Jorge José de Souza Filho  (VIII CBCD – Florianópolis/SC 1996)

“O VIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica – que aconteceu em Florianópolis – foi o primeiro congresso da SBCD a ser realizado fora da cidade de São Paulo. Isso por si só já foi um marco para a Sociedade. Naquela época, as novidades, assim como hoje, estavam ligadas ao rejuvenescimento. Entre as técnicas para este tratamento o Criopeeling foi um dos destaques, seguido pela Criocirurgia, que era um procedimento bastante inovador para tratar determinadas lesões. A realização dos cursos práticos, que parecia ser uma dificuldade, contou com a efetiva participação da Dra. Silvia Schmidt (hoje vice-presidente da Gestão 2017-2018) que coordenou todos os cursos juntamente com os monitores locais que, em contato com cada professor, montaram a grade científica do Congresso. O VIII CBCD também foi palco do lançamento do CD-ROM interativo com mais de 60 sequências de cirurgias para que os especialistas, que o adquirissem, pudessem ter uma fonte de pesquisa constante com seus consultórios. Este material foi preparado na Faculdade de Informática da USP sob a coordenação técnica do Dr. Chao Wen e coordenação científica do Dr. Jayme de Oliveira Filho, que levantou e organizou todas as informações que foram inseridas no CD-ROM. Contrariando qualquer previsão financeira, pelo fato do evento ser realizado fora de São Paulo e ter todos os custos inerentes a este deslocamento, o VIII CBCD deixou um superávit que cobriu o congresso seguinte e mostrou a imensa viabilidade em se realizar um evento do porte do CBCD em qualquer centro universitário do Brasil. A parte social também marcou aqueles que participaram do congresso de Florianópolis. Os especialistas ali presentes também puderam exercitar o seu lado esportista ao participarem da I Dermopíadas, com competições em várias modalidades de esporte. O saudoso Prof. Dr. Luiz Henrique Paschoal foi o vencedor no Tênis de Quadra”.

 

Dra. Izelda Costa (IX CBCD – Brasília/DF 1997)

“Do CBCD que presidimos podemos apontar como inovações, o fato de que foi a primeira vez, no Brasil, que houve nos cursos pré-congresso máquinas de laser.

Novidade importante e histórica! A SBCD ganhou novos associados. Foi um congresso muito expressivo e o número de cursos com cirurgias e com laser “ao vivo” foi marcante. Foram nove convidados estrangeiros que vieram participar do evento contribuindo com suas experiências. Outra grande novidade: foi aprimeira visita do casal de médicos Alastair e Jean Carruthers ao Brasil. A presença deles neste evento foi notável, pois foram os pioneiros no uso da toxina botulínica no tratamento das rugas dinâmicas. Os resultados de suas pesquisas foram apresentadas para a comunidade científica em 1991. Em nosso congresso ministraram vários cursos de toxina em Brasília e foi também a primeira vez que fui submetida à aplicação da toxina botulínica e com o dermatologista Alastair Carruthers!”

 

Dr. Gabriel Gontijo (X CBCD – Salvador/BA 1998)

“Entre as inovações do X CBCD é possível destacar a realização de 400 cirurgias ao vivo com a participação de 100 dermatologistas internacionais, além dos nacionais. Na época, realizamos cirurgia micrográfica de Mohs, transplante de cabelo, toxina botulínica, preenchimentos e laser com vários estrangeiros. Intercalamos dois dias de congresso, um dia de passeio no litoral da Bahia no meio do evento e outros dois dias de congresso. Foi um encontro científico em conjunto com a International Society for Dermatologic Surgery (ISDS), sendo a primeira vez que ocorreu no hemisfério sul. Foi também a primeira cirurgia micrográfica de Mohs realizada na Bahia, com o Dr. Perry Robins, Dr. Leonard Goldberg e Dr. Joseph Alcalay. O Dr. Serge Letessier realizou, ao vivo, procedimento com laser de CO2 (na época não fracionado). As grandes novidades naquele ano eram Cirurgia Micrográfica de Mohs, laser de CO2, peelings profundos, toxina botulínica e preenchimentos. Entre as dificuldades é possível elencar alguns pontos: 1) a realização de um congresso fora da minha cidade, já que o Congresso ocorreu em Salvador, inclusive com cirurgias ao vivo, com 400 pacientes. Toda logística foi montada para realização destas cirurgias, mesmo eu morando em Belo Horizonte;2) em 1998 não havia e-mail. O contato com todos os integrantes da comissão organizadora e palestrantes estrangeiros e nacionais era feito por meio de FAX; 3) realizar o pós-operatório de 400 pacientes, incluindo os que foram submetidos à laser de CO2 que não era fracionado, com um pós operatório muito longo. Entretanto, a maior dificuldade foi convencer que o congresso fosse realizado no Brasil, em conjunto com a SBCD e ISDS. O comitê internacional só concordou após a garantia que se houvesse lucro financeiro, este seria dividido entre as duas instituições. Se houvesse prejuízo, este seria apenas da SBCD. O X CBCD Salvador/BA foi um sucesso e mostrou para o mundo o que é a SBCD e o que é a cirurgia dermatológica no Brasil. Nosso prestígio e nossa reputação ultrapassaram fronteiras e alcançaram o mundo. Ficamos mais respeitados e nossa criatividade, nosso potencial foram muito elogiados. Até hoje, quando encontro com vários palestrantes internacionais, eles comentam sobre o Congresso. Todo o material deste congresso ficará exposto num memorial durante o 30º CBCD 2018, em Belo Horizonte. Dentre os itens que farão parte desta exposição constam pasta original, camiseta, banners, crachá, programa científico, convites da programação social, reportagens e divulgação em mídia local e nacional.”

 

Dr. Cassio Villaça (XII CBCD SP 2000)

“O XII Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica foi o primeiro evento de especialidade que se tem noticias que foi totalmente em multimídia aqui no Brasil. E foi justamente este aspecto que acabou se apresentando como um problema, pois grande parte dos palestrantes não estava preparada para suas apresentações em multimídia – o que era uma exigência da Coordenação do XII CBCD. No entanto, isso foi sanado de forma harmoniosa sem interferir na qualidade das aulas. Tanto é que ao final do Congresso todos os participantes receberam um CD com as palestras. Entre as novidades apresentadas neste evento destacam-se os cursos ao vivo com transmissão simultânea. Foi um sucesso na época. Por outro lado, o maior legado que XII CBCD deixou para a Sociedade foi compra da primeira Sede da SBCD, pois até àquela data não tínhamos uma sede própria”.

 

Dra. Sarita Martins (XVI CBCD Porto de Galinhas/PE 2004)

“O congresso que presidi foi o primeiro a ser realizado em um resort. A escolha de Porto de Galinhas foi baseada no fato de que por mais de 10 anos havia sido eleita a praia mais bonita do país. Pela primeira vez o Congresso iniciou as sessões às 13h e se estendeu até as 20h. A finalidade era dar oportunidade ao congressista de conhecer a cidade e usufruir das belezas do local sem ter que perder as atividades científicas. De inicio a indústria farmacêutica ficou receosa achando que as sessões seriam vazias, mas pelo contrario, durante todos os dias a sala era totalmente lotada mostrando que essa inovação foi um sucesso. Em relação às dificuldades sempre é a mesma coisa. A indústria farmacêutica dizendo que está passando por uma crise e que as verbas diminuíram . Outro problema seríssimo que tive foi o cancelamento, na semana do congresso, de um hospital onde seria realizado os cursos práticos. Por mais experiente que achava que era, pois já havia presidido um Congresso Brasileiro de Dermatologia, não assinei o contrato com o provedor do hospital. Pensava se tratar de uma pessoa idônea,de palavra e sem nenhum motivo resolveu cancelar o que havíamos acordado. Mas, graças às amizades conseguimos transferir a agenda para outro hospital e não houve nenhum cancelamento dos cursos previamente programados. Este congresso também conquistou um importante número de associados.”

 

Dr. Luis Fernando Kopke (XIX CBCD Florianópolis-SC 2007)

“Fui um presidente atípico na SBCD. E continuo sendo um membro atípico. Na minha visão, a SBCD surgiu da necessidade do dermatologista se firmar no campo da cirurgia dermatológica, num tempo em que não havia espaço na SBD para o cirurgião dermatológico. Sou um dos fundadores desta sociedade, mas desde a época em que assumi a presidência dela continuo a defender a ideia da união institucional da SBCD com a SBD. Desta forma, não considero a realização de congressos a coisa mais importante que a SBCD possa fazer para desenvolver a cirurgia dermatológica em nosso meio. Eles são importantes para continuar a estimular o dermatologista a aprender cada vez mais, porém, a meu ver, o verdadeiro conhecimento vem da melhoria dos programas de residência, fato no qual a SBCD nem de longe tem o poder de influir, pois não é a entidade oficial, aquela que determina mudanças ou diretrizes, tarefas, hoje, executadas apenas no âmbito da SBD. Os tempos atuais são outros. Não vejo mais necessidade da SBCD existir de maneira autônoma. Não se trata da extinção pura e simples da SBCD. Isso nunca! Trata-se de fundi-la dentro da SBD com autonomia política, aumentando sua real representatividade nos rumos da dermatologia nacional. A propósito, existe como documento oficial, uma ata da minha primeira reunião da diretoria com este projeto da união institucional. Mas, vamos ao que de fato interessa neste momento de retrospectiva sobre os congressos passados!
O XIX CBCD, que foi realizado em minha gestão, em sua programação científica, colocou em discussão a eficácia de “tecnologias para tratamento da celulite” comparadas à lipoaspiração cirúrgica e a um programa de treinamento físico (e orientação nutricional) com um ano de duração, orientado por um cardiologista especializado em medicina do esporte. Mulheres com sobrepesos leves e comparáveis foram submetidas a estas três “linhas diferentes de tratamento”. O resultado foi debatido no congresso. Advinha quem ganhou? As mulheres do terceiro grupo melhoraram tanto quanto ou mais que as outras, embora tenham melhorado muito mais sua função cardiovascular e músculo-esquelética que nos outros dois grupos. O problema é que resultados como este são rapidamente “esquecidos”. Em relação aos convidados internacionais, três alemães e um argentino, trouxeram contribuições importantes, que são:
Jürgen Kreusch – mostrou sua experiência em dermatoscopia e chamou atenção para o componente vascular de melanomas muito iniciais, ou amelanóticos. Isso estava começando a ser estudado e valorizado em dermatoscopia.
Mark Heckmann – demonstrou a interessante utilização da toxina botulínica na diminuição da bromidrose (mal cheiro nas axilas e virilhas). Embora a toxina botulínica já estivesse sendo utilizada para diminuição da sudorese, este fato associado à sudorese era de pouco conhecimento ainda.
Rolf-MarkusSzeimies – com o patrocínio da Galderma, trouxe mais conhecimentos a respeito da Terapia Fotodinâmica, na época, começando no Brasil.
Gaston Galimberti – trouxe sua experiência em cirurgia de Mohs, pois chefiava o maior serviço de cirurgia micrográfica da América do Sul, em Buenos Aires.
O congresso propriamente dito não enfrentou nenhuma dificuldade a não ser os contratempos comum a qualquer organização de um evento da mesma envergadura. Fato digno de nota foi a maciça inscrição dos dermatologistas ao primeiro anúncio do congresso um ano antes do evento. Tanto que tivemos apenas 7% de inscrições presenciais no evento. Tenho certeza que o congresso da SBCD DE 2007, realizado em Florianópolis, foi um congresso simples, memorável, socialmente agradável para todos que participaram e que contou com uma interessante grade científica.”

 

Dr. Ricardo Shiratsu (ex-presidente da SBCD 2011-2012)

“Estive à frente da SBCD durante a Gestão 2011-2012. Apesar de presidir a Sociedade por dois anos, ajudei a organizar vários congressos. Além disso, por três vezes fui tesoureiro da Sociedade. No primeiro congresso que participei da organização – Manaus/2005 – tinha dificuldade de levar patrocinadores e público para lá, havia apenas duas companhias aéreas operando até lá, sem contar que tudo lá chega de barco ou avião. Em relação ao evento, ficava incomodado com os atrasos na programação/aulas e nos cursos práticos. O presidente deste evento foi o Dr. Alcidarta Gadelha,

que me total poder de ação para resolver estes dois problemas. Adotei o cronômetro regressivo na tela de aula que, ao zerar, determinava término da apresentação. Todos os palestrantes

colaboraram e este foi um divisor de águas para os congressos de dermatologia. Criamos também o PPV (Painel de Procedimento ao Vivo). Tratava-se da transmissão do procedimento ao vivo de uma sala para plenária, ou seja, conseguimos melhor qualidade de visualização do procedimento, pois utilizamos quatro câmeras e uma mesa de corte. Portanto, todos os ângulos do procedimento ou técnica eram contemplados, e as imagens eram transmitidas para quantas pessoas coubessem no auditório: de 400 a 2.000 pessoas, enquanto na sala tradicional de curso pratico, ficava restrito a 10 alunos/vez, A utilização desse recurso proporcionou um grande impacto nesta difusão do conhecimento, como também possibilitou melhorar a qualidade das telas de projeção de aula, tão boas quanto as que vemos nos congressos fora do Brasil.
Como o sucesso da transmissão de procedimentos ao vivo e a adoção da disciplina do cronômetro foi grande, implementamos estes dois recursos nos eventos subsequentes da SBCD e SBD. Identicamente, estas inovações apresentadas no Congresso de Manaus/2005 podem ser consideradas como um legado para os eventos que o sucederam, pois suscitou maior interesse dos patrocinadores e associados, já que o CBCD tornou-se altamente procurado e cotado entre os especialistas, transformando-se em um dos eventos mais importantes da dermatologia brasileira, tanto pelos cirurgiões dermatológicos como pela indústria.
Outra ação inédita da SBCD foia realização do 1º fórum brasileiro coordenado pela SBCD no meeting da AAD 2013, denominado Aesthetic and Surgical Procedures in Latin America. Este fórum aconteceu por três anos consecutivos e estive à frente da coordenação dos fóruns que aconteceram no 71st Annual Meeting AAD 2013 (Miami Beach) e no 73rd Annual Meeting AAD 2015 (São Francisco). Quando a primeira edição é bem sucedida, permanece na grade nos dois anos seguintes. Foi o caso do Fórum da SBCD, que se manteve em 2014 e 2015, encerrando seu ciclo.”

 

Dr. Sérgio Schalka (XXV CBCD – Campos do Jordão/SP 2013)

“O XXV CBCD foi marcado pela comemoração dos 25 anos da SBCD e, por isso, implementamos várias inovações, tanto na programação científica quanto na comunicação e programação social.

Na grade científica, organizamos o programa em 3 tipos de atividade: simpósios (com aulas expositivas e curto tempo de discussão), fóruns (com breve introdução e todo o tempo dedicado ao debate) e conferência (somente uma aula magistral com convidado nacional ou internacional). Toda a programação foi dividida de forma

equânime entre cosmiatria/laser e cirurgia. A Sessão “Painel Terapêutico Cirúrgico” foi outra inovação, onde apresentamos os procedimentos cirúrgicos ou cosmiátricos em vídeo, apresentando a avaliação pré-procedimento e, principalmente, a evolução pós-procedimento com os possíveis eventos adversos, complicações e resultados. Nesse painel, professores renomados mostraram como conduzem seus tratamentos no consultório, combinando tratamentos/procedimentos. O objetivo dessa sessão não era somente mostrar a técnica de execução do procedimento, mas principalmente a seleção dos pacientes e da indicação e combinação de procedimentos em cada caso A Sessão especial “Anatomia da Face” foi realizada em conjunto com o departamento de telemedicina da USP, mostrando de forma inovadora para a época, pela primeira vez, a anatomia da face com recursos digitais de computação gráfica. Outra inovação na programação científica, talvez a mais revolucionária e reconhecida, foi a criação do SBCD Urgente: um clipe de 1 minuto com dicas ou orientações dadas por professores renomados, que aparecia na tela de forma surpreendente, chamando a atenção da plateia e despertando o interesse para o assunto. Criamos, pela primeira vez, a Sessão Novos Talentos, onde dermatologistas (de qualquer faixa etária) poderiam se inscrever para apresentar uma aula sobre um tema de seu interesse, mostrando sua experiência pessoal ou um trabalho desenvolvido. Foi uma oportunidade dada a colegas de mostrarem seus talentos na dermatologia. As melhores apresentações foram premiadas, inclusive com um curso oferecido em Berlim, no Hospital Charité.
Algumas ações especiais na programação científica e social marcaram a comemoração do jubileu de prata de nossa sociedade. Realizamos um jantar comemorativo aos 25 anos da SBCD, onde convidamos não somente os ex-presidentes, mas todos que contribuíram com a Sociedade, incluindo membros de diretoria pregressas e representantes dos laboratórios parceiros que sempre apoiaram o desenvolvimento de nossa SBCD. Nesse jantar apresentamos um clipe contando a história da SBCD ano após ano, destacando fatos marcantes e a localidade de cada congresso. Esse clipe foi apresentado à grande plateia na abertura do congresso. Por falar em abertura, inovamos também nesse aspecto, pois foi pela primeira vez realizada no auditório principal, durante a grade científica e não mais num evento social noturno. Essa inovação acabou sendo incorporada pelos congressos seguintes, pois traz um momento marcante do Congresso para todos os congressistas, que muitas vezes não compareciam à cerimonia de abertura noturna. Pela comemoração dos 25 anos, montamos um fórum especial na programação científica, que de forma bem humorada mostrou a evolução dos congressos da SBCD desde sua primeira edição até o momento atual. Nessa sessão pudemos observar a evolução da forma de apresentação expositiva, inicialmente representada pelo projetor de slides duplo e retroprojetor e, atualmente pelos modernos equipamentos de projeção mapeada. Outra atividade marcante na comemoração dos 25 anos foi a exposição cultural ”25 anos da cirurgia dermatológica no Brasil” realizada na Praça Professor Sampaio, dentro da área de exposição comercial. Uma exposição interativa mostrando a evolução da cirurgia dermatológica no Brasil nesses 25 anos, realizado por uma curadoria profissional. Foi no XXV CBCD que pela primeira vez na SBCD oferecemos um aplicativo (app) com toda a programação científica e social. Felizmente não tivemos dificuldades relevantes, a não ser pequenas questões logísticas para adaptação do auditório único com conforto para 2.200 congressistas e a organização logística de hospedagem e transporte para um número de congressistas que superou nossas expectativas. Tivemos apoio incondicional da diretoria da SBCD na época e dos laboratórios patrocinadores, que entenderam nosso ousado projeto e investiram de forma expressiva, fazendo com que tivéssemos um recorde de inscritos e de receita financeira até aquela oportunidade. Acredito que o XXV CBCD deixou vários legados, mas o mais notável, que perdurou por congressos posteriores foi o SBCD Urgente.”

 

Dr. Alexandre Filippo (XXVIII CBCD – Rio de Janeiro/RJ 2016)

“A grande inovação que o XXVIII apresentou na época foi dar oportunidade a todos que enviaram trabalhos, poderem apresenta-los num espaço montado para este fim.

Isso proporcionou aos dermatologistas mais jovens, a chance de se prepararem e apresentarem seus trabalhos científicos para todos os congressistas. Foi uma forma de valorizar a participação deles no evento e, ao mesmo tempo, dar oportunidade deles encararem, muitos pela primeira vez, uma plateia bem exigente. No quesito dificuldades, enfrentamos o recuo de investimento de muitas empresas, mesmo estando o Congresso já compromissado com todos os fornecedores. Mesmo com toda a crise financeira fizemos uma administração austera e conseguimos deixar um montante financeiro expressivo para a Sociedade tocar todos os seus projetos institucionais.Na parte científica podemos destacar a mescla de simpósios tradicionais com fóruns, nos quais a temática era colocada em discussão e experts debatiam com a plateia o tema proposto. O sucesso do 28º CBCD contou com o comprometimento de todas as comissões criadas. Todos se doaram com o objetivo de fazer um grande evento.”